sábado, 28 de agosto de 2010

CICUTA

Filha-da-puta é essa
cicuta
inverdade do possível
Me recria e me envenena.
Às vezes me lembro de um pouco
Outras me lembro de tudo
e
noutras... simplesmente me esqueço.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Antes do Juízo Final

Ela terá guardado uma das cópias da chave. Foi só isso que pedi lá atrás, um dia...
Vai entrar e sentir-se embasbacada - pela primeira vez liberta desse meu jeito de olhar.
Ganhou tantos nomes este olhar que agora não mais te olha.
A casa já é mesmo apenas uma moradia de antes, talvez tenha alguma presença de cheiros. Uma bola de papel amassado que não acertou a lixeira.
Está tudo ao seu inteiro dispor mas não saberá mais o que fazer com tanta liberdade. Esgravatar entre os meus pertences que nunca custaram muito valerá o quê mais agora?
Não era essa caça curiosa à minha intimidade o que instigava tanto?
As gavetas, portas de armários, as caixas de todos os tamanhos, álbuns - está tudo tão escancarado sem a minha exigência mínima de meio metro de privacidade que perdeu-se em desencanto a graça.
Vá, chame todos os outros. Façam um banquete com os restos do meu sentir sozinho e do meu pensar não publicado.
Aqui eu começo um vislumbre de ensaiar com as palavras. Não jogarei milho às galinhas dos puleiros fétidos, estas só querem comer. Jogo sim idéias livres à teia. Vamos ver se atrai mosquitos ou vagalumes.