sábado, 28 de março de 2015

Hoje vou dormir
A cabeça embaralhada
faz de conta que não viu
Um estrondo dentro cala
Viver, enxergar, espanto
Fazer de conta
Mentir.


Tela: Abraço, ANA DIAS
Acervo pessoal Rita Martins

sexta-feira, 27 de março de 2015

SAÚDE !!

A doença é como quando falta a luz em casa por um acidente no poste. De repente fica um breu, a gente acende uma vela e parece que a vida para. Perde-se a habilidade dentro do espaço, tudo parece estranho à volta, acaba o ritmo das tarefas mais simplórias. 

De repente a luz acende e numa fração de segundo sentimos uma alegria intensa de tudo funcionando. Mas essa alegria é efêmera, logo nos acostumamos com a casa iluminada.





quinta-feira, 26 de março de 2015

TRAGA

Hora de sono
esparso percurso
Traga memória
Solto açoite
Noite espalhada
Em vão muda
sílaba.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

RESGATE


Grota água
Brota luz
Onde andavam
Quatro artes
estandarte
mestre
rainha
te resgata
Res
gata
ata
at
TÁ.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

HORA DE VERÃO

Já seis e meia
e o dia não anoitece
Gosto disso, do verão
Um sol teimoso que fica
A lua malandra estica
Preguiça também no mar.
Corpos jogados na areia,
nem bronze, nem boto
Nem sereia
Gente mesmo, bichos soltos
Não despidos, como os outros
só porque a lei não deixa...
Alguma sombra de nuvem
Alguma lata na areia
Sobras de um dia quente
Se não se gosta, perdoa
É bom às vezes ser "caco"
Vagaba, um bicho à toa.
Depois vai chegar um cinza
Ou róseo manchar de céu
O sol exausto se muda
Pr'um outro lado lá longe
Prefiro dizer assim
Se a terra é o que roda
Isso é geografia
Fico com a fantasia
Poeta muda onde acha
Faz da noite um fim do dia
Ou da tarde, soneca ligeira
Ocaso não vem ao caso
Assim se faz poesia.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Não se publica duas vezes no dia

Foi ele quem me disse
isso era o que ele via quando
eu escrevia
era tão solto esse expressar
Achei bacana, meio sacana
e lisonjeiro esse
tão bobo dele
brincar de me criticar.
Não se publica duas vezes no dia
mas eu podia
porque... primeiro...
já não era dia
Então podia
fazer de novo
na luz da noite
o que ele
dizia
que eu não podia
fazer de novo
na luz do dia
Esse mistério da poesia
nem eu explico
nem ele replica
pois que a réplica de cada
ideia
seria o nulo
do que nós dois
na luz da noite
ou no brilhar do dia
sabemos - nós os dois
que volta tudo
pra mesma harmonia
Por isso me dou
e ele gosta
a idéia é essa
faço se posso
posso se faço
publico em dobro
dane-se o logro
brinco de volta
o dobro se solta
publico sim
e esse dindi
canta no fundo
if I only had words I'd say
Ela não volta com vinho
A gente poeta se esgueira
olha pela soleira
refaz toda besteira
e mostra o que se pode
fazer metáfora mundo afora
Se não voltar com a garrafa... Fora !!!

Trindade Duo-Verdade/Virtude ver.

Era assim de que eu falava
Menos mais do que pudesse
Era um sentir de agora
Essa verdade nobre que é viver
Era um querer e se saber puro
De verdade queremos tudo
De virtude mostramos tudo
Esse dueto tem um binômio
Nem era nome, nem sobrenome
Havia um jeito querendo ser
de jeito humano
Tão imperfeito
Era um jeito de querer ser
Assim eu via,
assim sentia
Era batida
era vivida
essa toada
tonta
esse som zonzo
era um viver
Essa trindade
saía simples
era tão nosso
era impróprio
falava ritos
dizia contos
ouvia cantos
era teu canto
uma esquina
mulher-menina
ela cantava
Era difícil
Era complexo
que nota dar?
Foi espontâneo
Nem a cidade
por um segundo
nem um gemido
ou sustenido
veio escutar
Fomos fazendo
emocionando
poros, cabelos
e até pentelhos
era tão lindo
esse expressar...